Já acompanhamos a entrevista e todas as informações do Mountain Do, Deserto do Atacama, Chile.
– Entrevista pré prova com a Pati;
Confira agora o relato da nossa aluna Cristela, de como foi a prova, as dificuldades, desafios e a superação:
“Depois de 8 meses de espera e treinos, finalmente chegou 14 de março de 2013, dia de embarcar com destino ao Atacama. Na espera do voo para Santiago era inevitável prestar atenção nas pessoas, todas no ambiente tentando achar corredores com o mesmo destino. De Santiago a Calama o nascer do sol nos Andes nos dá boas vindas da janela do avião.”
Como foi a adaptação antes da prova?
“A adaptação em San Pedro teve que ser rápida. Sofremos com o ar seco. Tinha a sensação de queimação por dentro do nariz. Saia bastante secreção com sangue e isso atrapalhava na respiração, foi difícil e ficou aquele medo que no dia da prova pudesse acontecer novamente. Foi ideal a chegada lá alguns dias antes.”
E a Prova?
“Domingo 17 de março, acordamos cedo e fomos para a praça central de San Pedro nos aquecer e preparar para a largada. Dificuldade para fixar o numeral de peito que era muito grande. A largada foi dada as 7:30h para os 23 e 42 km. Temperatura agradável. Seguimos por asfalto até o km 5, onde entramos em uma estrada de chão batido com um pouco de pedregulho, os maratonistas seguiram em frente e os 23 km logo pegaram uma trilha a direita, em direção ao vale da lua. Nesse trecho inicial aproveitamos para correr com um pouco mais de velocidade, mas sem exagerar pois o percurso ainda era longo e desconhecido. Um ponto de hidratação no km 8 marcava o fim da tranquilidade. Subimos um trecho bastante íngreme, literalmente “escalaminhando”. Por recomendação da organização da prova, todos subiram caminhando esse trecho. Vencendo a subida inicial continuamos por trilhas com subidas e descidas e muitas pedras, até nos depararmos com uma trilha estreita em meio aos montes de pedras cobertas por sal. Paisagem incrível, não sabia se eu corria, se tirava foto, filmava ou cuidada pra não me machucar nas pedras. Na seguida começou minha maior dificuldade, o terreno: areia grossa e fofa. O pé afundava muito e precisava de muita força para correr. Distante, avistávamos um obstáculo já esperado, a duna.
Vencida a duna eu achava que meus problemas tinham acabado, engano. O deserto nos reservou uma montanha russa, um sobe desce por “morrinhos” com pedregulhos soltos. Era um tal de embala na descida para subir o próximo. Nessa hora eu já me sentia bem cansada e a Patricia foi um pouco na frente. Alcançando a Pati me queixei de uma bolha na ponta do dedo. Chegamos ao asfalto, km 15, onde havia um ponto de apoio resolvi verificar o pé. A Patricia fazendo mimica para pedir fita micropore para os enfermeiros chilenos foi a comédia. Nada de bolha, era só areia dentro do tênis e da meia, mesmo assim encapei o dedo com fita. Nesse ponto começamos a entrar no vale da morte, mais uma pequena subida que eu já não tinha forças de subir correndo.
Falo pra Patricia ir embora, pois ela estava muito bem fisicamente. Logo depois da subida ela vai, eu me animo e volto a correr, desço as primeiras ladeiras do Vale da morte uns 400 metros atrás dela, mas depois de algumas curvas já não a avistei mais. Agora sim, Vale da morte só descida, só que não!! Areia fofa novamente e algumas subidinhas que nessa altura pra mim já eram montanhas. O sol começa a esquentar um pouco, mas nada de sofrer com calor mesmo estando de camisa de manga longa e mochila nas costas. Aproximando-se do km 20, já havia pessoas no percurso esperando os amigos, tirando fotos e gritando os “tá acabando” de incentivo. Na linha de chegada tive que desviar de um cachorro deitado no tapete. O painel eletrônico não estava funcionando, mas o relógio de pulso marcava 2:53 de prova. Quase certo, tempo líquido oficial 02:52:50.”
E como foi o pós prova? Novos desafios virão?
“As 15:00h depois de almoçar e descançar voltamos para a Praça assitir a premiação. O resultado no mural descobrimos que tínhamos ficado em 4°(Patricia) e 5°(eu) na categoria SUB35. Ficamos revoltadas, pois depois de ter passado longe do objetivo de 2:30 de prova, não esperávamos uma colocação boa, e eu, não me esforcei pra tirar a atraso nos quilômetros finais. A Patricia por 2 minutos não leva um troféu de 3 na categoria. Conversamos com o terceira colocada e nossa revolta passou. Cada uma superou dificuldades e conquistou seu mérito. Na volta pra casa, os corredores são aplaudidos ao entrar no ônibus com destino a Calama, fiquei muito feliz, e no caminho, avistamos parte do percurso da prova, agora marcados com nossas pegadas.
Do Atacama trouxe uma grande experiência. Conhecemos muitas pessoas e muitas histórias. Voltei já pensando, qual vai ser a de 2014?”
Parabéns às guerreiras Patricia e Cristela por essa conquista!! E que venham novos desafios!! Keep Running.